quarta-feira, 18 de abril de 2007

Biologia::: Pirilampos podem ajudar na luta contra o cancro

Pirilampos podem ajudar na luta contra o cancro

A importância dos pirilampos para o equilíbrio ecológico e para estudos de medicina, nomeadamente de oncologia, vai ser discutida em Junho, num seminário internacional em Gaia.

Do grupo de investigadores, destaca-se a presença do biólogo brasileiro Vadim Viviani, responsável por uma investigação sobre a actividade de uma enzima, denominada luciferase, presente nos pirilampos e noutros insectos luminosos, passível de aplicação clínica, nomeadamente no tratamento do cancro.
O trabalho deste investigador da Universidade Federal de São Carlos e da Universidade Estadual Paulista poderá trazer novos conhecimentos para fins biotecnológicos, com possibilidade de aplicação nas áreas médica e farmacêutica, entre outras.
Vadim Viviani é um dos cerca de 60 especialistas mundiais que entre 21 e 25 de Junho irão participar no seminário internacional sobre pirilampos organizado pelo Parque Biológico de Gaia e pelo Instituto Belga de Investigação da Natureza e da Floresta.
«Esta é a primeira vez que pessoas de todo o mundo se vão reunir expressamente para discutir este grupo de animais e a sua importância para a ciência», disse à Lusa o director do Parque Biológico de Gaia.
Nuno Oliveira sublinhou que as intervenções dos investigadores serão posteriormente editadas em livro, por um editora de Cambridge, Inglaterra. «Será, aparentemente, a primeira publicação inteiramente dedicada aos pirilampos», frisou.
A ideia de organizar este seminário surgiu pelo facto do Parque Biológico de Gaia ter a tradição, desde há vários anos, de abrir ao público durante as noites de Junho para observação de pirilampos.
«Esta nossa iniciativa suscitou a curiosidade de um belga (Raphael de Cock) que manifestou interesse em participar e, palavra passa palavra, algum tempo depois tínhamos já vários investigadores interessados em vir a Portugal», revelou Nuno Oliveira.
Acrescentou que após várias confirmações, Raphael de Cock, director do Instituto Belga de Investigação da Natureza e da Floresta, «teve a ideia» de organizar um seminário, que incluirá, no seu programa, a observação nocturna dos pirilampos do parque.
«De um grupo inicial de dois ou três investigadores interessados em participar nas 'Noites dos Pirilampos' chegamos a mais de 50, com comunicações já asseguradas», acrescentou.
Referiu também a participação de especialistas oriundos dos EUA, Japão, China, Taiwan, Suíça, Bélgica, Alemanha, Tailândia, Brasil, Inglaterra e Portugal, entre outros.
«Abrimos, assim, o parque ao mundo», frisou Nuno Oliveira, acrescentando que desta vez, as «cerca de mil pessoas» que anualmente participam na Noite dos Pirilampos terão a vantagem de ouvir as explicações dos cientistas sobre o fenómeno da bioluminescência (capacidade de emitir luz própria).
No Parque Biológico de Gaia existe uma grande população de pirilampos, mas a espécie encontra-se em vias de extinção devido, sobretudo, à poluição.
«São animais muito sensíveis às alterações ambientais, sendo por isso, também, considerados óptimos bioindicadores», disse Nuno Oliveira, explicando que os pirilampos só sobrevivem em locais com «bom ambiente».
Os pirilampos podem ser encontrados, entre Maio a Agosto, e quem já apanhou um sabe que a luz deste insecto não queima e é das luzes mais frias da Terra. Os clarões emitidos pelos pirilampos são sinais que permitem o reconhecimento mútuo para efeito de acasalamento.
O Parque Biológico de Gaia é um centro permanente de educação ambiental instalado pela Câmara Municipal de Gaia, em 1983, no vale do rio Febros, gerido pela Empresa Municipal Parque Biológico de Gaia.
Os 35 hectares do Parque têm um circuito de descoberta da natureza, com cerca de 3 km, ao longo do qual estão instaladas vitrinas com variadas informações. Integram esse circuito, moinhos e casas rurais, carvalhais, pinhais, lagos, o rio Febros, viveiros com animais e plantas.
O objectivo pedagógico do Parque é a compreensão pelos visitantes da paisagem da região, incluindo todos os seus componentes (flora, fauna, clima, arquitectura tradicional, usos e costumes e hidrografia), e do contraste entre a paisagem agro-florestal, que se preserva no parque, e a envolvente urbana.
Outra das actividades do Parque Biológico é a recolha, em colaboração com o Instituto de Conservação da Natureza, de animais selvagens encontrados feridos ou apreendidos pelas autoridades por posse ilegal.
Quando algum desses animais não pode ser recuperado para restituição à Natureza, fica nas colecções do parque, exposto ao público.
Águias-de-asa-redonda, garças, abutres, corços, gamos, bisontes-europeus, esquilos, variadíssimas espécies de patos e gansos, raposas e muitas outras espécies podem ser observadas em amplos cercados e viveiros do parque biológico.
Lusa / SOL

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